No sentido histórico em relação a vitivinicultura a África do Sul possui uma característica particular, sendo a única em saber sua data exata de início graças ao diário do holandês Jan Van Riebeeck datando o fato em 2 de fevereiro de 1659. Assim sendo a vitivinicultura da África do Sul teve seu início a mais de 350 anos, sendo Riebeeck o próprio responsável por trazer as primeiras videiras europeias para a Cidade do Cabo. 

Vinhos na África do Sul

Inicialmente a grande maioria dos vinhos até então produzidos no país eram elaborados a partir de uvas verdes, ainda não maduras, com baixo grau de adaptação ao terroir e combinado com uma ausência de higiene e tecnologia de produção por parte das vinícolas locais. 

Essa situação começou a mudar lentamente ainda no ano de 1679 quando o então governador Simon van der Stel, um entusiasta do vinho e com profundo conhecimento da viticultura e enologia, começou plantio próprio na fazenda de Constantia onde iniciou a produção dos Vin de Constantia, vinhos de sobremesa que logo se tornaram mundialmente famosos.

Ainda neste século, mais precisamente no ano de 1688 e em decorrência da revogação do decreto de Nantes por parte do rei Louis XIV muitos protestantes saíram da França e migraram para a África do Sul e trouxeram consigo seu conhecimento vitícola que apoiou a viticultura local.

Todavia problemas com a Phylloxera durante a década de 1880 que destruiu com uma grande gama de vinhedos e principalmente os boicotes internacionais por conta do regime político do Apartheid atrasaram ainda mais o desenvolvimento vinícola do país e fizeram os produtores locais limitados ao mercado nacional.

Foi apenas no final da década de 1990 onde finalmente ocorreu o “ponto de virada” para o vinho sul africano, após a libertação da prisão política de Nelson Mandela e as subsequentes eleições democráticas em 1994 o boicote internacional ao vinho sul africano caiu. Juntamente ao fim do boicote o apoio de Mandela ao vinho nacional deu uma grande força à produção local, sendo inclusive o vinho escolhido por ele para o brinde no Nobel da paz que recebeu em 1993.

África do Sul: conheça os vinhos

O vinho sul-africano

O vinho na África do Sul

A indústria de vinhos da África do sul conta com mais de 102.000 hectares de uva, representando uma produção de mais de 1.050.000 litros distribuídos nas produções de brandys, sucos e vinho.

Os vinhos sul-africanos são comumente descritos como situados entre o novo e o velho mundo, vinhos capazes de entregar a estrutura e profundidade do velho mundo, combinada com a fruta e intensidade do novo.

Embora o vinho sul africano tenha essa proximidade ao velho mundo o país não segue as regulamentações restritivas que são comuns na maior parte da Europa, especialmente quando falamos das permissões de utilização de castas de uva em determinados “blends”. Atualmente a produção de uvas no país é distribuída em 55% de variedades brancas e 45% de variedades tintas, em particular podemos mencionar a Chenin Blanc que ainda é a casta mais cultivada na África do Sul.

O terroir

O vinho terroir

Quando falamos do terroir, nos referimos aos recursos naturais que compõem a formação de um solo e clima que interagem para criar um conjunto de condições específico e ao nos referirmos a África do Sul estamos diante de uma combinação única de solos antigos, encostas de vales, regiões montanhosas e brisas costeiras.

Apesar da enologia na África do Sul ser relativamente jovem, a base deste terroir, sua geologia, é extremamente antiga resultando em um dos solos da viticultura mais antigos do mundo. Com formações geológicas que podem ser rastreadas até o período pré-cambriano, trata-se de um terroir extremamente rico e complexo composto, principalmente, por arenito, argila, granito, calcário, xisto, argila, cascalho, areia e aluvião

A produção de vinhos do país está principalmente situada na cidade do Cabo e a maior parte desta produção por sua vez é fortemente influenciada por correntes frias do Atlântico e quentes do oceano indico. Tais influências marítimas resultam no conhecido clima Mediterrâneo que juntamente com a impressionante diversidade de solos e topografias nacionais são responsáveis pela criação de vinhos com característica única e de grande complexidade!

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