
Alheit Wines
Huilkrans
Vinho: Em meio às paisagens áridas e isoladas do Skurfberg, onde o céu parece mais próximo da terra, está um dos vinhedos mais emblemáticos da África do Sul. Plantado entre 1974 e 1989, em altitudes elevadas sobre solos arenosos derivados de arenito vermelho, o Huilkrans representa a síntese da austeridade natural da região com a generosidade da velha vinha sul-africana. O nome, que significa “penhasco que chora”, faz alusão tanto à geografia dramática quanto à intensidade emocional que esse vinho é capaz de despertar.
Produção: A abordagem segue os princípios de mínima intervenção da Alheit Vineyards. As uvas, colhidas manualmente ao amanhecer, são prensadas inteiras, sem desengace, e o mosto vai diretamente para barricas de carvalho neutro e foudres, onde fermenta espontaneamente com leveduras indígenas. O vinho permanece sobre as borras finas por cerca de 12 meses, sem bâtonnage ou interferência, permitindo que a textura e complexidade se construam de forma natural. A ausência de colagem ou filtração preserva toda a densidade e expressividade do Chenin cultivado neste terroir extremo.
Notas de degustação: A safra 2023 justifica todo o empenho necessário para trabalhar com vinhas velhas, de baixíssimo rendimento e localizadas em regiões remotas. Para Chris, uma das melhores já engarrafadas deste terroir de “grand cru”. No nariz, revela suco cítrico vibrante, flores frescas e um toque salino e picante. Em boca, entra com força e frescor, cheio de energia e intensidade, mas sem qualquer excesso de peso. O final é cheio de vida, confiante e preciso.
Tim Atkin, 98 Pontos: O Huilkrans nasce na fazenda Oudam de Jozua Visser, a 450 metros de altitude, em um ponto isolado da Citrusdal Mountain — região também conhecida como Skurfberg. As vinhas, todas cultivadas sem irrigação, foram plantadas entre 1974 e 1978 e produzem rendimentos dolorosamente baixos. A fermentação ocorre em barricas usadas, seguida de 12 meses de maturação sobre as borras. Segundo Chris Alheit, este é um vinho que “canta em voz de barítono”: encorpado, profundo e expressivo. Sabores de figo verde, limão-taiti e ameixa amarela são acompanhados por um fundo ferroso e um final mineral e pedregoso. Para beber entre 2025 e 2035.
Neal Martin, 93 Pontos: O Huilkrans 2023 é elaborado a partir de vinhas de Chenin Blanc cultivadas sem irrigação nas montanhas de Citrusdal. Apresenta um buquê marcadamente pedregoso — talvez o mais austero entre as cuvées da Alheit nesta safra. Seu estilo é deliberadamente minimalista. Em boca, é tenso e fresco, com notas de casca de laranja e um leve toque de manga. Mostra-se harmonioso e fluido, finalizando com uma pitada sutil de pimenta branca. Um vinho de grande finesse — mas reservado, quase enigmático.
Potencial de guarda: até 2035+
Outras informações: Rolha / TS: 3,1g/l / TA: 79,73meq/l / SO2: 0,24g/l