Tenuta di Valgiano
VoltarMoreno Petrini vem do mundo da indústria de calçados em Milão; Laura di Collobiano, sua parceira na vida e no vinho, pertence a uma família nobre de Turim e fazia carreira na venda de iates de luxo. Juntos, rodaram o mundo até encontrarem, nas colinas que se erguem acima de Lucca, uma antiga propriedade com uma vila renascentista e vinhedos cansados pelo tempo.
Ali decidiram recomeçar. Entre obras, restauros, reconstruções e aprendizados, nasceu em 1993 a Tenuta di Valgiano, ao lado do enólogo biodinâmico Saverio Petrilli.
Valgiano é uma porta de entrada para uma Toscana diferente. Longe da elegância organizada de Montalcino, aqui a natureza é mais densa, mais viva. Nas colinas de Lucca, florestas antigas escondem vilas desgastadas, e vinhedos antigos se enroscam em “palistorti” — estacas curvas, quase esculturas, que guiam cada fileira de videiras. É uma paisagem que respira rusticidade nobre, onde tudo acontece em seu próprio ritmo.
Essa energia pulsa nas uvas e nos vinhos. Os rótulos de Valgiano são vinhos de terroir no sentido mais profundo da palavra: têm personalidade, vitalidade e a rara capacidade de falar com quem os prova — como se traduzissem uma nova linguagem sensorial, simultaneamente antiga e vibrante.
No centro dessa expressão está a biodinâmica, que dita o compasso de tudo na propriedade: dos vinhedos às oliveiras, das abelhas às galinhas. Para Moreno e Laura, não existe outra forma de revelar a alma de Valgiano — e essa alma precisa estar presente em cada garrafa.
Ela é feita da soma de tudo que habita esse lugar: os solos ricos em húmus, mantidos vivos pelo cultivo biodinâmico; o sol generoso da Toscana; o perfume de ervas e pinheiros que acompanha o vento; e, acima de tudo, as pessoas — amigos, família e equipe — que ajudaram a transformar a propriedade em um refúgio onde a natureza e o vinho se encontram em verdade.
A Tenuta di Valgiano cultiva 16 hectares de vinhedos certificados orgânicos (ICEA) e biodinâmicos (Demeter), cercados por oliveiras e mais de 80 hectares de floresta. Além do vinho, a propriedade produz azeite e mel orgânicos.
O trabalho começa no solo. Análises constantes orientam como equilibrar videira, clima e terra. Leguminosas e ervas nativas são plantadas para nutrir o solo e promover biodiversidade. A aração é leve, as pragas são controladas por meios naturais e apenas preparados biodinâmicos são usados nos tratamentos.
O terroir combina duas formações geológicas: solos argilosos de “alberese” e, vindos da montanha logo acima, depósitos de arenito. Essa união — também vista em lugares como Vosne-Romanée — é, segundo Moreno Petrini, uma das chaves para a finesse e a profundidade de seus vinhos.
As vinhas mais antigas datam da década de 1950, e desde 2014 a propriedade vem replantando parcelas com seleção massal, buscando preservar diversidade genética e expressões mais puras de suas castas. O projeto de replantio completo deve se estender pelas próximas duas décadas — um investimento paciente, guiado por uma visão de longo prazo.









