Bourgogne Rouge Cuvée Auguste

Vinho: A Cuvée Auguste é uma verdadeira raridade da Borgonha — elaborada a partir da quase extinta Pinot Fin, uma seleção massal ancestral da Pinot Noir, anterior às clonagens modernas. Fragilizada pela sua sensibilidade a doenças e pela baixa produtividade, a Pinot Fin foi, ao longo do tempo, substituída por clones mais resistentes. Mas em vinhedos antigos e preservados por visionários como Julien Guillot, essa cepa sobrevive — e revela um caráter absolutamente único.

As vinhas têm mais de 70 anos e estão plantadas em solos argilo-calcários com presença de silte calcário do período jurássico, sobre uma camada superior extremamente rasa, que potencializa a mineralidade e a precisão aromática do vinho. Cultivadas sob os princípios da biodinâmica, essas parcelas são conduzidas com absoluto respeito à terra e ao tempo.

Mais do que um vinho, a Cuvée Auguste é um tributo vivo à história e à diversidade genética da Borgonha. Uma interpretação raríssima da Pinot Fin, que alia delicadeza, estrutura e longevidade. Pode ser apreciada agora, mas promete evoluir com beleza e complexidade ao longo dos próximos 8 a 10 anos.

Produção: A colheita é manual, com seleção rigorosa dos cachos. A fermentação ocorre de forma espontânea com leveduras indígenas, em maceração semi-carbônica com cachos inteiros. A vinificação segue a filosofia de mínima intervenção: o vinho fermenta em tonéis de madeira antiga e estagia por 10 a 12 meses em barricas usadas, sem trasfega, clarificação ou filtração. O engarrafamento é feito sob atmosfera inerte e sem adição de sulfitos, preservando toda a integridade da fruta e a autenticidade do terroir.

Notas de degustação: Na taça, revela um rubi brilhante com reflexos cereja. O nariz é límpido e expressivo, com camadas de frutas vermelhas frescas — framboesa, morango silvestre e cereja ácida — entrelaçadas a notas florais de violeta, rosa seca e especiarias doces. Com a aeração, emergem sutis nuances de laranja sanguínea, casca de tangerina, chá preto e um toque terroso que evoca o solo vivo de onde nasce.

No paladar, é ao mesmo tempo etéreo e concentrado. A acidez é vibrante, os taninos finíssimos e polidos, e a textura é de uma elegância sedosa. Sabores de amora fresca, ervas secas e um delicado amargor de casca de romã conferem profundidade e tensão, culminando em um final mineral, salino e persistente.

Potencial de guarda: até 2032+

Outras informações: Rolha / TS: <0,2g/l / TA: 84,3meq/l / SO2: 0,41g/l