Hoje vamos falar um pouco da uva Chardonnay, considerada a rainha das uvas brancas.

Esta é uma das minhas preferidas, pois os vinhos produzidos a partir desta casta sempre se mostram com grande poder e suculência, variando em estilos que vão desde os que não passam por estágio em barricas de carvalho e adquirem uma característica aromática mais tropical, até os que passam longos períodos em barrica e adquirem características mais amanteigadas e complexas, resultando nos mais longevos vinhos brancos do mundo. Vale lembrar também que a Chardonnay é uma uva essencial para os vinhos da região de Champanhe.

Chardonnay, a rainha das uvas brancas

Esta uva é considerada um camaleão por sua facilidade de adaptação aos diferentes solos e condições climáticas, e podemos comprovar isto pela variedade de lugares que produzem vinhos desta casta.

A França produz seus grandes e tradicionais Borgonhas que se enquadram na variação de estilo descrito acima, indo desde o mineral Chablis até os mais encorpados Montrachet, mas muitos outros países produzem vinhos deliciosos da uva Chardonnay, como os Estados Unidos, Austrália, África do Sul, Itália, Argentina e Chile.

Características

Se observadas as características dos vinhos produzidos sem estágio de madeira e sem muita intervenção, encontraremos vinhos mais simples com aromas de limão, abacaxi e principalmente maçã, acompanhados de acidez com retro gosto de lima, mas é esta simplicidade que permite a esta uva um perfeito casamento com as barricas quando ela começa a adquirir características de corpo mais oleosas, com aromáticos levando para manteiga e amêndoas e de corpo sensacional que caracterizam os melhores vinhos.

Vinhas

A idade das vinhas também é determinante neste processo, já que uvas de parreiras jovens produzem vinhos não tão concentrados que no amadurecimento em madeira não desenvolvem um leque aromático, e o resultado final será vinhos simplesmente amadeirados.

As qualidades discutidas acima são um tanto quanto perigosas para a imagem desta uva já que a produção de vinhos refinados e de poder sem perda de qualidade exige uma densidade média de duas toneladas/acre e produtores que precisam se capitalizar mais rapidamente produzem média de 7-8 toneladas/acre e usam a madeira para maquiar o vinho e esconder a verdadeira qualidade da fruta.

Já provei muitos tipos de Chardonnay, e esta uva tem a capacidade de produzir deliciosos vinhos que envelhecem por 5-25 anos perfeitamente e quando atingem seu auge são inconfundíveis e deliciosos.

Valores

Seus preços acompanham sua fama e qualidade, e muitos dos Grand Cru da Borgonha chegam a preços em média de R$1.000,00 a garrafa – claro que isso é aqui no país exploratório que se chama Brasil, mas na Europa você consegue tomar ótimos exemplares na casa dos EUR 75 – 100.

Ficha Técnica

Uva: Chardonnay.
Coloração: Varia desde os mais claros com traços esverdeados até os amarelo ouro encorpados e licorosos, com concentração e peso.

Aromas

  • Quando não passam por madeira, notas de maçã verde, limão, abacaxi, pera e melão, mineralidade.
  • Quando passam por rápido estágio em barril, notas de manteiga derretida e frutas mais tostadas / assadas e amêndoas.
  • Quando passam por longos estágios em barril já adquirem notas de baunilha, madeira, amêndoas, mel.

Sabores: a uva produz deliciosos vinhos que também sofrem a variação do estilo, mas em geral os sabores típicos da Chardonnay são: maçã, abacaxi, pera, pão, manteiga, tosta e madeira. Os estilos variam com a descrição acima de menos para mais uso de madeira. Os vinhos têm acidez média e corpo médio a encorpado. Vale ressaltar uma característica muito presente em diversos exemplares que é um retro gosto bem cítrico com gosto de lima.

Harmonizações: os diferentes estilos de vinho produzidos a partir desta casta permite sua combinação com muitos tipos de comida. Os amadeirados de peso e estrutura encaram muito bem peixes gordurosos e frutos do mar e não se intimidam perante a molhos ricos, sendo a carne de porco também uma deliciosa harmonização. Já os Chardonnay produzidos para o consumo no dia-a-dia, que são os que têm pouca ou nenhuma passagem por madeira, vão muito bem com saladas e peixes leves com um toque de limão e com ostras. Já com salmão, que é um peixe um pouco mais gorduroso, as versões Premier Cru e Grand Cru de Chablis são uma perfeita combinação.

RM 

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